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'EATRIS Spotlight': Portugal reforça sucesso e amplia oportunidades estratégicas e de inovação

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12 dez 2025

Portugal foi responsável pelo programa Spotlight do projeto europeu EATRIS – European infrastructure for translational medicine entre maio e dezembro de 2025, liderando uma série de iniciativas colaborativas que envolveram investigadores, académicos, reguladores, empresas e associações de doentes em todo o país.

Sob o tema "Bridging gaps in healthcare: developing solutions across the lifespan", o programa integrou oito eventos realizados em parceria com 17 instituições parceiras da rede nacional nas regiões Norte, Centro e Sul. As sessões abrangeram áreas-chave como biobancos, dispositivos médicos, saúde digital e inteligência artificial, terapias avançadas e investigação pré-clínica e clínica, e ensaios clínicos descentralizados. No total, o EATRIS Spotlight 2025 envolveu 932 participantes, dos quais 593 em formato presencial e 339 à distância.

Colaboração e reforço de capacidades

Para Helena Baião, coordenadora do Gabinete de Aconselhamento Regulamentar e Científico (GARC) do Infarmed e responsável pela coordenação do programa em Portugal, esta edição "destacou diferentes ideias e propostas para facilitar a transição da investigação para a prática clínica, bem como apresentar inovações que acelerem esta translação desde a bancada do laboratório até ao doente", garantindo a adequada implementação da regulamentação e das boas praticas aplicáveis. A responsável sublinha ainda que o programa procurou "eliminar barreiras e melhorar o diálogo entre investigadores, doentes e profissionais de saúde, promovendo a construção de pontes entre centros nacionais e europeus, academia, indústria, associações de doentes e sociedade".

Da responsabilidade do Infarmed e com coordenação da estrutura do EATRIS em Portugal (EATRIS PT) em colaboração com as instituições parceiras, o Spotlight contribuiu para aproximar a investigação científica da boa prática clínica e regulamentar, reforçando a visibilidade das capacidades nacionais no domínio da medicina translacional.

Portugal integra a infraestrutura europeia EATRIS desde 2019, beneficiando do acesso a uma rede de mais de 150 centros de investigação de excelência. Esta iniciativa visa apoiar o desenvolvimento pré-clínico e clínico precoce de medicamentos, vacinas, dispositivos de diagnóstico e novas abordagens terapêuticas, incluindo terapias avançadas.

Carlos Lima Alves, vice-presidente do Infarmed e alternate governor do EATRIS PT, destaca que "a edição portuguesa do EATRIS Spotlight demonstrou a capacidade do país para mobilizar competências científicas, clínicas e tecnológicas em torno de um objetivo comum: acelerar a chegada da inovação aos cidadãos. Este programa reforça o papel de Portugal na medicina translacional e evidencia a importância de trabalharmos em rede, de forma colaborativa e alinhada com as prioridades europeias. O conhecimento gerado e as parcerias estabelecidas são um legado que continuará a fortalecer a investigação nacional nos próximos anos e consequentemente poderá beneficiar muitos doentes".

Oportunidades, desafios e recomendações

No início de dezembro, o EATRIS Spotlight transitou para a República Checa, onde decorrerá ao longo dos próximos seis meses. Um conjunto de eventos realizados no Centro Cultural de Belém assinalou o culminar da edição portuguesa e marcou simbolicamente a passagem da pasta para o país sucessor. A avaliação do programa em Portugal revelou várias oportunidades estratégicas para o futuro da medicina translacional, destacando a vontade de colaboração entre setores, o desenvolvimento de novas plataformas para partilha colaborativa de dados, o reforço da colaboração transfronteiriça, o potencial para uma interação regulatória precoce e a possibilidade de transferir aplicações digitais para múltiplos domínios das ciências da vida.

Paralelamente, foram identificados desafios relevantes, como a falta de integração entre grupos pré-clínicos, centros clínicos e indústria, a necessidade de reforçar a literacia digital e em saúde, o envolvimento tardio das organizações de doentes, questões associadas à proteção de dados e privacidade e a insuficiência de tempo protegido para a investigação clínica por parte dos profissionais de saúde.

Com base na experiência acumulada, foram igualmente definidas recomendações para ação futura, que incluem o reforço dos biobancos e da Rede Nacional de Biobancos (Biobanco-PT); a promoção da partilha de boas práticas entre instituições; a aproximação entre os diversos stakeholders, como hospitais, indústria, investigadores e associações de doentes; a importância de desenvolver ações de literacia digital dirigidas a doentes e cuidadores; a necessidade de avançar com a harmonização regulamentar por via de grupos de trabalho dedicados ao desenvolvimento de orientações para componentes descentralizados de ensaios clínicos alinhadas com o Regulamento Europeu de Ensaios Clínicos; e o reforço da participação ativa em projetos europeus, consolidando o contributo português no seio da rede EATRIS.

Cláudia Faria, diretora científica do Programa EATRIS PT, considera que o programa "constituiu uma oportunidade ímpar para identificar, de forma estruturada, as necessidades, capacidades e oportunidades que marcam a investigação translacional em Portugal. Mais do que um balanço, este programa deixa-nos um compromisso: o de transformar conhecimento em impacto real, acelerando o desenvolvimento de soluções que respondam de forma eficaz e sustentável aos desafios da saúde".

Foto de grupo da comunidade EATRIS PT
Helena Baião, Carlos Lima Alves e Cláudia Faria, do EATRIS PT
Evento de celebração do EATRIS PT no Centro Cultural de Belém
Carlos Lima Alves, Vice-Presidente do Infarmed e alternate governor do EATRIS PT
Cláudia Faria, diretora científica do EATRIS PT
Helena Baião, coordenadora do Gabinete de Aconselhamento Regulamentar e Científico (GARC) do Infarmed e responsável pela coordenação do EATRIS PT
Carlos Lima Alves, Helena Baião, Vanda Valente, Carla Madureira e Cláudia Faria, do EATRIS PT