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Medicamentos pediátricos

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Medicamentos pediátricos

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 População pediátrica e medicamentos

Considera-se população pediátrica os indivíduos com idade compreendida entre o nascimento e os 18 anos. 

Antes da introdução no mercado, os medicamentos para uso humano são submetidos a estudos exaustivos, a fim de atestar a sua segurança, elevada qualidade e eficácia. Estes estudos incluem a sua utilização experimental em cidadãos voluntários (saudáveis ou doentes).

A razão pela qual existem poucos estudos sobre a utilização de medicamentos na população pediátrica (bebés, crianças e adolescentes), prende-se com o facto da realização desses estudos poder pôr em causa o seu bem-estar, sendo também difícil extrapolar para a população pediátrica os dados que se obtiveram em adultos

A existência de doenças específicas em Pediatria, a diferença do comportamento dos medicamentos no organismo das crianças e dos adultos, o crescimento contínuo que origina que, em tratamentos prolongados, seja difícil ajustar a dose ao longo do tempo, são algumas das razões que têm que ser ponderadas aquando da utilização de medicamentos nas crianças.

Existem ainda as dificuldades específicas de administração de medicamentos segundo a idade, a existência de diferentes efeitos indesejáveis e em frequências alteradas nestas faixas etárias e a possibilidade de toxicidades específicas da idade infantil.

Com o objetivo de facilitar o desenvolvimento e o acesso a medicamentos para uso pediátrico, entrou em vigor em 2007 o Regulamento (CE) N.º 1901/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho de 12 de dezembro de 2006.

Este Regulamento visa garantir que os medicamentos utilizados no tratamento da população pediátrica sejam objeto de uma investigação de elevada qualidade que tenha em conta princípios éticos e estejam adequadamente autorizados para uso pediátrico, e melhorar a informação disponível sobre o uso de medicamentos nos diferentes grupos da população pediátrica.

Esses objetivos deverão ser alcançados sem que se submetam as crianças a ensaios clínicos desnecessários e sem atrasar a autorização de medicamentos para outras faixas etárias da população.

Administração de medicamentos em crianças

Um problema relevante em pediatria é o da adequação das formas farmacêuticas e a adesão à terapêutica.

As formas farmacêuticas mais usadas são os elixires, os xaropes ou as suspensões para administração oral.

Os elixires são soluções hidro-alcoólicas nas quais as moléculas de substância ativa se encontram dissolvidas, dispensando a agitação antes de cada administração. As suspensões contêm partículas não dissolvidas que devem ser distribuídas no veículo por agitação antes da toma.

Se o frasco não sofrer agitação as primeiras doses contêm menos fármaco, retardando o início de efeito terapêutico, enquanto as últimas, mais concentradas, podem ser causa de toxicidade. É importante que o médico e o farmacêutico alertem os pais ou as pessoas encarregadas das administrações para estas situações.

É fundamental que os esquemas terapêuticos receitados sejam seguidos com rigor, para tal os esquemas e as formas de dosagem devem ser escolhidos da forma mais conveniente; quanto mais fácil for o esquema terapêutico escolhido, mais provável será conseguir adesão à terapêutica.

Se possível, e de acordo com a sua capacidade para compreender e cooperar, deve solicitar-se à criança a sua quota-parte na responsabilidade da sua própria saúde e de tomar a medicação.

A administração do medicamento durante as horas que as crianças permanecem na escola, deve ser evitada sempre que possível. Se o medicamento precisa mesmo de ser tomado na escola, o problema deve ser discutido com os pais ou a pessoa responsável e deverão ser feitos antecipadamente os arranjos necessários.

Os medicamentos não devem ser misturados com os alimentos porque a dose total pode não ser tomada e porque a criança pode criar aversão à comida se esta ganhou um sabor desagradável ou muito acentuado.

É muito importante que os pais estejam, atentos ao aparecimento de eventuais efeitos indesejáveis (reações adversas) suspeitos e as comuniquem ao Infarmed.

A deteção rápida, o registo e comunicação ao Serviço Nacional de Farmacovigilância de todas as reações, incluindo os medicamentos não sujeitos a receita médica e à base de plantas, são de grande importância nas crianças, por ser ainda muito limitado o conhecimento nesta área.

As crianças podem manifestar reações adversas que não acontecem nos adultos porque a natureza, a evolução da doença e as reações indesejáveis podem mesmo ser diferentes entre os dois grupos etários.

Mesmo que seja apenas uma suspeita, a reação adversa é particularmente útil para reconhecer novos acidentes de forma rápida, ainda que outros medicamentos estejam a ser utilizados ao mesmo tempo.

No sentido de diminuir a possibilidade dos efeitos indesejados, recorda-se que nunca se deve usar qualquer medicamento a menos que haja indicação do médico ou farmacêutico; que se devem dar instruções claras à criança, se for suficientemente crescida para colaborar, aos pais ou a quem está encarregado de cuidá-la.